sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Desnorteados


Se praticar sexo é ser livre, namorar no sofá virou uma prisão. Pesquisas que eu não leio afirmam que as mulheres, mesmo as mais independentes [inclusive financeiramente] procuram cavalheiros que as protejam delas mesmas e paguem ao menos parte das suas contas. Normalmente, elas chegam na versão poderosa [o que mais assusta do que atrai, imagino eu], não demonstram fragilidade alguma [o exagero faz com que esta força se torne suspeita] e se for preciso, até colocam seus paus imaginários na mesa.
No minuto seguinte, descem do salto e querem ser tratadas como princesas, indefesas. É um comportamento complexo, performático e cheio de mensagens subliminares. É uma espécie de desvio que só a mulher é capaz de decifrar. Mas, que deixa a maioria dos homens confusos e amedrontados. No fundo ou no raso, independentes ou não, as mulheres buscam o conforto desesperador do amor. E, os homens também.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Ontem queria estar ao seu lado...

Ontem queria estar ao seu lado...

Para te acariciar
Para te abraçar
Para te envolver em meus braços
E fazer um carinho

Ontem queria estar ao seu lado...

Para te beijar
Para te bajular
Para te dizer coisas lindas em seu ouvido
E me apaixonar ainda mais

Ontem queria estar ao seu lado...

Para dizer 'te amo'
Para dizer 'meu amor'
Para dizer 'minha vida'
E para dizer 'chegou a hora'

Ontem queria estar ao seu lado...

Pegar minha faca
Abrir tua barriga
Arrancar suas tripas
E te estuprar ainda viva

Reinventar...




Tudo está melhor agora
que o mundo acabou lá fora
e a gente vai poder reinventar
de bom humor

houve um belo de um colapso
e sucedeu que o céu abriu-se em dois pedaços
houve um latido alto
que pareceu deus discutindo com o diabo




Pra redefinir data e hora
o escravo e o patrão são um só
a todos o poder de encarar a morte
de bom humor

houve um belo de um colapso
e sucedeu que o céu sorrindo abriu os braços
outro circo foi montado
e quem morreu deu de cara com um palhaço


.

Tsunami


A gente tomava sol
Com os pés numa areia branca feito neve
Eu tinha na mão um copo
E você tinha nas mãos um creme
Que você espalhava farto sobre a pele
Um dia de sol tão quente

Eu pensava em trocar de carro
Investir em ações da vale e ter um jet
Pra andar pelo mar aberto
E media a extensão da saia
Que você tirava como uma febre
Pra correr para a água leve

E eu via você nadar no mar
Como quem observa
Um desfile de um exército irreal
Que protege minha fé
Sou o que você disser
Você é o meu exército irreal
Que protege minha fé

Um sono macio desses
Que te põem em suspenso
Me atingiu de repente
Só pra me privar de ouvir o alarme:
"everybody out of the water!!
A tsunami´s coming!"

Eu e a multidão de água
Passando sobre as pousadas como um lego
Levando no peito os carros
Bebendo forçado um suco
De água do mar com tudo que era resto
Tentando agarrar um teto

Daquele corpo que eu julguei ideal
Eu só via as pernas
E um aceno submerso sem um som
Pra mostrar que dá pé
Pra mostrar que dá pé
Num instante de reza
Eu pensei que fosse a hora terminal
Mas depois da tragédia
Eu te encontrei de pé

Hoje é certeza quando conto esse dia tão tenso
Você vai sorrir um riso sério
E falar que até hoje ouve à noite:
"everybody out! everybody out of the water!
A tsunami´s coming!"